A Evolução da Relação do Brasileiro com o Dinheiro: Do Dinheiro Físico ao Predomínio do Pix

Desde 2005, o Banco Central do Brasil realiza a pesquisa "O Brasileiro e Sua Relação com o Dinheiro", com o objetivo de acompanhar como a população interage com o dinheiro e os diversos meios de pagamento disponíveis. A pesquisa avalia temas como o manuseio e conservação de cédulas, o conhecimento sobre itens de segurança das notas e o uso de dinheiro em espécie em comparação com outros meios de pagamento. Os resultados desse estudo refletem as transformações na economia e nos hábitos financeiros da sociedade brasileira, permitindo o aprimoramento da gestão do meio circulante e subsidiando políticas públicas relacionadas ao tema.

MEIOS DE PAGAMENTO

Nadia Lanny Lopes

12/8/20245 min ler

Ao longo das quase duas décadas de levantamentos, as mudanças tecnológicas e econômicas trouxeram novas formas de transações financeiras e alteraram significativamente a forma como os brasileiros lidam com o dinheiro, culminando na popularização de meios digitais como o Pix.

Cronologia

Baseando-se em todas as edições da pesquisa "O Brasileiro e Sua Relação com o Dinheiro" realizadas pelo Banco Central desde 2005, segue um resumo das principais mudanças ao longo dos anos:

2005: Predominância do dinheiro físico

  • Dinheiro em espécie era usado por 87% da população como principal meio de pagamento.

  • Cartões de crédito e débito tinham uso restrito, enquanto cheques ainda eram relevantes para transações maiores​.

2007: Slight Increase in Payment Diversification

  • About 55% of the economically active population received wages in cash, while 29% used bank deposits to withdraw money at ATMs.

  • Debit and credit cards became more accessible but were still concentrated in higher-income classes.

2010: Consolidation of Card Usage

  • Significant growth in the use of debit and credit cards, particularly among the middle class.

  • Cash began to lose its dominance as the primary payment method, although it still prevailed.

2013: Continued Growth of Card Payments

  • Cash use remained high, but credit and debit card usage showed steady growth across all social classes.

  • The proportion of people receiving payments directly into bank accounts increased.

2018: Popularization of Electronic Payments

  • Cash was still the main payment method, used by 96% of the population, but debit cards reached 52%, and credit cards, 46%.

  • Electronic transfers and automatic debits began gaining traction.

2021: The Rise of Pix

  • Introduced in 2020, Pix was adopted by 46% of the population, becoming the third most-used payment method.

  • Cash remained the most frequent method, used by 60% of the population, but its dominance was waning.

2024: Pix Dominates the Payment Landscape

  • Pix surpassed cash, being used by 76.4% of the population, and was the most frequent payment method for 46%.

  • O uso de dinheiro caiu para o terceiro lugar, atrás de cartões de débito​

A Importância de Profissionais de Cobrança Acompanharem a Evolução da Relação com o Dinheiro

O setor de cobrança desempenha um papel crucial na sustentabilidade financeira de empresas e na recuperação de créditos. Com as mudanças nos hábitos de consumo e na relação das pessoas com o dinheiro, profissionais da área precisam estar atentos à evolução dos meios de pagamento e às novas preferências do consumidor para garantir eficiência e assertividade em suas estratégias.

Nos últimos anos, a digitalização trouxe transformações profundas, como a popularização do Pix, que já representa o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros. Essa mudança não apenas impacta as transações cotidianas, mas também redefine as expectativas em relação à velocidade e à acessibilidade dos serviços de cobrança.

Os consumidores de hoje esperam flexibilidade e conveniência ao resolver suas pendências financeiras. Isso inclui a possibilidade de realizar pagamentos instantâneos, em qualquer horário, sem complicações. Para acompanhar essa evolução, os profissionais de cobrança devem adotar abordagens modernas, como:

  1. Incorporar tecnologias digitais: Oferecer canais de pagamento que incluam métodos como Pix, cartões de crédito/débito e links de pagamento integrados às plataformas digitais.

  2. Personalizar a experiência do cliente: Compreender o perfil financeiro de cada consumidor para oferecer soluções adequadas, respeitando suas preferências e limitações.

  3. Investir em educação financeira: Ajudar clientes a entenderem os benefícios de regularizar suas finanças e utilizar meios de pagamento modernos, fomentando relações mais transparentes e duradouras.

Além disso, profissionais de cobrança devem interpretar dados como os apresentados na pesquisa "O Brasileiro e Sua Relação com o Dinheiro" para identificar padrões de comportamento e tendências emergentes. Esses insights podem direcionar ações mais eficazes, como campanhas específicas para segmentos que ainda utilizam predominantemente dinheiro físico ou para grupos que já migraram para meios digitais.

A evolução dos meios de pagamento não é apenas uma questão tecnológica; ela reflete mudanças nos valores, prioridades e expectativas dos consumidores. Acompanhar essas transformações é essencial para que os profissionais de cobrança mantenham-se relevantes, conectados e preparados para atender às demandas de um mercado em constante mudança.

Conclusão

A pesquisa "O Brasileiro e Sua Relação com o Dinheiro" ilustra a notável evolução dos hábitos financeiros no Brasil. Desde a predominância do dinheiro físico até a ascensão do Pix como principal meio de pagamento, o estudo mostra como a tecnologia e a digitalização transformaram a forma como os brasileiros realizam transações financeiras.

Ao longo das últimas décadas, o dinheiro físico perdeu espaço, mantendo relevância entre grupos específicos, como idosos e pessoas de menor renda. Por outro lado, a inclusão financeira e a popularização de meios digitais ampliaram o acesso e a eficiência das transações, consolidando o Pix como um marco na modernização do sistema de pagamentos brasileiro.

Esse acompanhamento contínuo reforça a importância de políticas públicas que considerem as transformações no comportamento financeiro da população, assegurando um sistema financeiro acessível, eficiente e alinhado às necessidades dos cidadãos.

Referências

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O brasileiro e sua relação com o dinheiro - Pesquisa 2005. Brasília: Banco Central, 2005. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 8 dez. 2024.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O brasileiro e sua relação com o dinheiro - Pesquisa 2007. Brasília: Banco Central, 2007. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 8 dez. 2024.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O brasileiro e sua relação com o dinheiro - Pesquisa 2010. Brasília: Banco Central, 2010. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 8 dez. 2024.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O brasileiro e sua relação com o dinheiro - Pesquisa 2013. Brasília: Banco Central, 2013. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 8 dez. 2024.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O brasileiro e sua relação com o dinheiro - Pesquisa 2018. Brasília: Banco Central, 2018. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 8 dez. 2024.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O brasileiro e sua relação com o dinheiro - Pesquisa 2021. Brasília: Banco Central, 2021. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 8 dez. 2024.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O brasileiro e sua relação com o dinheiro - Pesquisa 2024. Brasília: Banco Central, 2024. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 8 dez. 2024.